Equidade Salarial
Manifesto APP Campinas

Março de 2024, Mês da Mulher, foi marcado por um momento único em nossa recente história de avanços de políticas públicas para equidade de gênero no mundo do trabalho.

Manifesto APP Campinas pela Equidade Salarial

Através da Lei da Igualdade Salarial (Lei n. 14.611 de 3 de julho de 2023), o governo federal passa a exigir das empresas com mais de 100 pessoas a apresentação do Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios.

Na prática, essa transparência vai:

• Apontar desigualdades de gênero e raça;
• Impulsionar a adoção de práticas de combate às desigualdades, como plano de cargos e salários, critérios de remuneração e promoção, e iniciativas que apoiem o compartilhamento de obrigações familiares;
• Fiscalizar e multar empresas que não tiverem justificativas nem planos de ação para eventuais desigualdades.

No entanto, há muitas dúvidas e mitos em relação à nova lei:

“A lei é nova, precisamos de um tempo para aprender e nos ajustar”
Desde 1958 a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já contempla a igualdade de remuneração de homens e mulheres. Definitivamente não estamos falando de um problema novo. A nova lei trouxe bases legais para exigir a transparência, aumentar o rigor na fiscalização e prever multas;

Esse papo de diferença salarial é balela! Basta se esforçar que…
No Brasil, mulheres recebem 19,4% a menos que os homens. Se falarmos de mulheres negras, a desigualdade se aprofunda;

Na minha empresa é diferente. Aqui tenho até uma mulher na liderança…
A diferença salarial é ainda maior em posições de liderança: a diferença de remuneração chega a 25,2%. E só 38,3% das empresas declararam que adotam políticas para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência;

A gente paga tudo certinho por aqui…
O relatório mostra que só 51,6% das empresas têm planos de cargos e salários ou planos de carreira;

Aqui temos mais homens trabalhando, mas não tenho problema em contratar mulheres”;
Apenas 32,6% das empresas têm políticas de incentivo à contratação de mulheres.

Dado esse terrível cenário de desigualdade e frente às fragilidades de boas práticas corporativas, a APP Campinas elabora uma lista de recomendações para as pessoas que empreendem no mercado publicitário da nossa regional:

ATENDER À LEI PREVISTA NA CLT DE 1958.
Reconhecemos que poucas são as agências da região com mais de 100 pessoas em modelo CLT e que estão sendo impactadas com a obrigatoriedade de transparência dos dados para o governo. Porém, a lei que apontamos que deve ser cumprida não é a de 2023 e sim a CLT, de 1958, que considera ilegal a prática de salários diferentes em funções iguais entre homens e mulheres. E devemos lembrar das contratações como PJ que também devem ser incluídas nas boas práticas de remuneração. Cabe às empresas o cumprimento da lei;

TER POLÍTICAS CORPORATIVAS CLARAS E EFICAZES.
Negar as desigualdades ou relativizar não resolve o problema. Os números trazidos pelo estudo estão aí. Compromisso com um mercado justo e sem discriminação passa por se comprometer a fazer o básico! Cabe às empresas ter e divulgar suas políticas de cargos e salários;

SER INTENCIONAL NAS CONTRATAÇÕES.
Se menos de 1/3 das empresas têm políticas para contratação de mais mulheres, é hora de acelerar! Cabe às empresas adotar boas práticas para recrutar mais mulheres para seus quadros e retê-las;

ASSUMIR UM PAPEL DE ALIADO E DEFENSOR DA PAUTA!
Nosso mercado tem como missão influenciar! Seja apoiando campanhas educativas, impulsionando movimentos e influenciando clientes, assuma o papel de cobrar, questionar, exigir que a lei seja cumprida.

Manifesto elaborado e assinado pela Presidência da APP Campinas 24/25.
Natália Públio, Luciano Silva e Alexandre Bassora

Referências: Brasil é pioneiro na elaboração de Relatório que mostra desigualdades salariais entre mulheres e homens. https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202403/brasil-e-pioneiro-na-elaboracao-de-relatorio-que-mostra-desigualdades-salariais-entre-mulheres-e-homens