A NRF ou “Retail’s Big Show” é o maior evento varejista do mundo. Acontece todo mês de Janeiro em Nova Iorque e gera efeitos em cadeia por todo ano até a próxima edição, quando novos rumos serão discutidos.
A princípio um evento para varejistas mas, para mim, um evento que interessa a quem usa o varejo como interlocutor para venda ou relacionamento, ou seja, quase todo mundo. Ainda mais quando passamos por uma fase de tantas e gigantescas transformações na forma de consumo.
Já foi discutido se o varejo físico iria continuar existindo, comportamento disruptivo (tema chave do ano passado), omnichannel e, a minha interpretação obviamente resumida sobre esse ano é: Enfim, caiu a nossa ficha. O hábito de consumo está diferente e a gente continua “penando” na adaptação!
Para quem é varejista, percebo que estar atualizado com as tecnologias disponíveis é a maior preocupação. Não é por menos, já está claro que não há limites físicos para o novo consumidor. Como disse J. Michael Evans, Presidente do Alibaba Group, “eles já sabem o que querem, querem comprar de todos os jeitos possíveis”. Ou seja, cabe ao varejista se adequar e, literalmente, entregar o produto independente do meio de compra.
Já a minha percepção pessoal sobre os temas debatidos é que a participação dos millennials no mercado ainda não foi completamente digerida e o reflexo disso é a falta de sinergia das lojas físicas e virtuais com os consumidores.
A grande questão está no fato da maior parte dos recurso financeiros ainda estarem nas mãos das gerações anteriores (X e baby boomers). Cria-se então em nossas cabeças a percepção de que se o recurso ainda está lá, porque investir em um cliente que já nos dá direcionamentos claros de que a força institucional como percebida anteriormente de uma marca não é valiosa?
Veja, para os millennials, o que importa é a qualidade, o objetivo da empresa na sociedade e como ele se apropria do produto, através de personalizações e experiências por exemplo.
Então, para mim, é justamente por ainda não sentirmos o impacto financeiro dos millennials que investir neles é necessário.
Precisamos enxerga-los como a pontinha de um iceberg de comportamento mais acentuado quando falamos de objetivos da marca, razão do consumo, qualidade do produto, expectativas abstratas etc.
A fase agora é experimental no ponto de venda físico e virtual. Tentativas, erros e acertos precisam acontecer para aprendermos a entender o consumo do futuro. Como disse Brian Cornell da Target “nossas lojas precisam ser incríveis showrooms de inspiração”. Aliás, a marca investe desde 2009 em uma adequação de linguagem consagrada em 2018.
Que tal desacelerar e observar. Experimentar e não subestimar. Ouvir e investir em experiências relevantes e assim aprender para vender amanhã.
Quem aí já está trabalhando para criar memórias afetivas no cliente omni? Bóra!
O momento de transição no hábito de consumo justifica, por exemplo, o investimento de marcas de luxo consagradas como a Gucci. Sua nova loja no Soho em NY preserva as características originais da arquitetura do ponto e oferece espaços de convívio e cultura para os clientes independente da compra.
Raquel Bessa – Sócia da Rockit